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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Lideranças políticas e produtores rurais relatam casos de falta de energia por até 72 horas.


Rede de transmissão antiga, postes, cruzetas e isoladores quebrados, fios arrebentados e falta de energia por período de até cinco dias, sem atendimento adequado. A lista de problemas de João Pinheiro e Brasilândia de Minas, na região Noroeste, foi apresentada à Cemig por produtores rurais e lideranças políticas durante audiência da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (8/11/16). Os moradores relatam prejuízos em vários segmentos econômicos, sobretudo nas lavouras.
O produtor José Eduardo Mendonça salientou que as reivindicações de melhoria na energia da região vêm sendo feitas regularmente desde 2001, quando foi criada a associação de produtores. “Nunca fomos ouvidos. Na nossa região, a Cemig não é a melhor energia do Brasil”, ironizou. Ele salientou que João Pinheiro tem mais de 4 mil produtores, lavouras irrigadas e grande produção leiteira. "Se falta energia, falta tudo”, afirmou.
Hoje, de acordo com Mendonça, há apenas um carro de uma empreiteira da Cemig para dar assistência a todo o município, que tem quase 11 mil km2. Guilherme Vilas Boas Braga, também produtor rural, completou que os próprios moradores precisam achar os defeitos. Ele citou acidentes com cabo energizado e também com uma cruzeta, que teria provocado um incêndio em 20 hectares de uma fazenda.
A necessidade de geradores nas fazendas foi outro ponto destacado, sobretudo porque eles consomem o lucro dos pequenos produtores. E a variação de tensão na rede também foi destacada pelo produtor e engenheiro Marcelo Valadares Noronha Braga, por colocar em risco os equipamentos. Segundo ele, muitas vezes não é possível ligar, ao mesmo tempo, as máquinas para ordenhar e para resfriar o leite, o que acarreta perda da qualidade do produto.
"Eu sou produtor e sei bem o que é isso", assinalou o deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), presidente da comissão e autor do requerimento para a audiência pública. O parlamentar afirma que tem visto várias ações positivas da Cemig, mas que há também muitos problemas. “A necessidade de ordenha manual tem sido uma queixa constante”, reforçou.
Outros municípios do Noroeste, como Arinos e Dom Bosco, além de Belo Oriente (Rio Doce) também estiveram representados na reunião e enfrentam problemas semelhantes.
Empresas – Empresários também participaram da audiência e reclamaram que não é possível sequer instalar ar-condicionado nos escritórios. "Várias empresas deixam de investir na região porque sabem a situação precária de energia. E há locais em que a água é puxada com bombas. Sem energia, falta água também", pontuou Higor Gustavo de Mendonça, presidente da Associação Comercial e Empresarial de João Pinheiro.
Outro empresário, Cláudio Medeiros, denunciou que a empreiteira da Cemig que atuava na região, a Asolar Energy, deu prejuízo estimado em R$ 8 milhões a fornecedores locais e também não pagou os funcionários. Segundo ele, a Asolar foi interditada, mas seu proprietário, Rodrigo José da Silva, criou uma nova empresa, a Solar, e continua prestando serviço ao poder público, como a Prefeitura de Contagem. Cláudio pediu à comissão e à própria Cemig para que atuem e bloqueiem valores a serem pagos à empresa.
Cemig apresenta plano de investimento e promete melhorias
O assessor parlamentar da Cemig, Marcos Barroso de Resende, afirmou que a Assolar teve contrato cancelado em maio, após três advertências, e que os pagamentos da empresa também estão bloqueados a pedido da Justiça. Resende apresentou ainda o plano de investimento de R$ 1,4 bilhão da Cemig para atendimento a 50 mil unidades rurais, nos próximos dois anos. “A empresa está de volta ao campo e atenta às demandas. Serão 15 mil quilômetros de rede”, afirmou.
O engenheiro de comercialização da Cemig, Hamilton Ribeiro, admitiu que o rompimento unilateral de contrato da empreiteira com a Cemig gerou sérios problemas, uma vez que 29 equipes de serviço e cinco equipes pesadas deixaram de atuar na região. Mas acrescentou que um novo contrato já foi firmado com outra empreiteira, em outubro, com reforço nas equipes e o compromisso da nova contratada de mobilizar suas equipes em até 60 dias, ou seja, até dezembro deste ano.
Hamilton anunciou também que a Cemig dispõe de um plano de visitas aos municípios da região para os meses de janeiro, fevereiro e março de 2017, quando serão mantidas reuniões com prefeitos, secretários e vereadores para esclarecer dúvidas e recolher reivindicações e sugestões visando a melhorias no atendimento.
Deputados pedem atenção para a região
O deputado Bosco (PTdoB) citou a vastidão do Noroeste e lembrou que João Pinheiro tem distritos a 100 quilômetros de distância da sede, que precisam de atenção. “O agronegócio tem salvado Minas e o Brasil nessa crise. Mesmo com a mudança de clima, o produtor acredita na terra e contribui para a economia, O governo precisa incentivar isso. Não ter energia, a essa altura, é andar na contramão da história”, afirmou.
Já o deputado Arnaldo Silva (PR) criticou a postura da Cemig por não priorizar o desenvolvimento social e econômico de Minas. Segundo ele, há muitas demandas pendentes no Estado, entre as quais aumento de carga em hospitais e soluções para problemas agrícolas. “Fronteira, município do Triângulo Mineiro, perdeu quatro empresas no ano passado por não ter uma subestação de energia”, exemplificou. Para ele, a mudança de visão da Cemig coincide com a ampliação de sua composição societária.


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